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Julgamentos no Supremo desta semana: Apuração de acidentes aéreos, investigações do MP e proteção ao meio ambiente
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A Corte tem em pauta um conjunto de oito ações sobre o poder de apuração criminal do MP e pode analisar validade de restrições de acesso e uso de conclusões de técnicos sobre acidentes aéreos no Brasil.
- Por Camilla Ribeiro
- 21/04/2024 17h12 - Atualizado há 6 meses
Nesta semana, o Supremo Tribunal Federal (STF) pode julgar um conjunto de ações que tratam do poder de investigação criminal do Ministério Público (MP).
Na pauta estão oito ações que tratam dos alcances e limites da atuação direta do MP na apuração de delitos. Os processos questionam as leis federal e estaduais sobre o assunto.
O tribunal já tem uma compreensão de 2015 na qual reconheceu a competência dos procuradores e promotores na área.
O STF poderá estudar a questão com um novo cenário: a partir das mudanças na lei feitas pelo Pacote Anticrime, de 2019; e a interpretação dos ministros sobre o alcance do controle da Justiça diante das apurações criminais do MP.
O tribunal também pode analisar a ação na qual questiona as restrições sobre o acesso e o uso de apurações sobre acidentes aéreos no Brasil.
Ainda para essa semana, há o processo que discute se houve omissão do Congresso em regulamentar um trecho da Constituição que prevê lei para a proteção do Pantanal.
Três tópicos para a pauta dessa semana:
-Poder de investigação do Ministério Público
-Apurações em acidentes aéreos
-Proteção ao meio ambiente
Poder de investigação do Ministério Público
A pauta desta quarta-feira (24) tem como primeiro item um conjunto de oito ações que questionam a lei federal e as leis estaduais sobre a organização e as competências do Ministério Público.
Existe questões sobre as resoluções e outras regras internas da instituição que detalham a atuação de promotores e procuradores nas apurações criminais.
O entendimento firmado sobre esta questão em 2015, os ministros reconheceram que o MP tem competência para realizar investigações penais, desde que respeitados os direitos e garantias dos cidadãos.
O precedente prevê a possibilidade de que os atos dos integrantes do MP possam ser analisados pela Justiça.
Em julgamento virtual de três destas ações que foi iniciado em dezembro de 2022, o relator, ministro Edson Fachin, votou validando os trechos das normas que permitiam esta atuação do MP.
Nesse cenário, ministro Gilmar Mendes divergiu parcialmente do relator. Em seu voto o decano apontou a necessidade de que o Poder Judiciário analise o andamento dos procedimentos, para garantir direitos dos cidadãos e evitar eventuais irregularidades.
"Entendo que a instauração, a duração e o trâmite das investigações devem ser rigorosamente controlados pelo Judiciário. Dessa forma, na hipótese de constatação de quaisquer ilegalidades, haverá espaço e ambiente adequados para promover a imediata correção dos desvios praticados pelo Estado, com a consequente reafirmação dos direitos fundamentais do investigado", afirmou o ministro.
Naquele contexto, Mendes propôs o seguinte entendimento: "A realização de quaisquer investigações criminais pelo Ministério Público pressupõe efetivo controle pela autoridade judicial competente, que deverá ser informada sobre a instauração e o encerramento de procedimento investigatório, com o devido registro e distribuição, atendidas as regras de organização judiciária, sendo vedadas prorrogações de prazo automáticas ou desproporcionais".
Apurações em acidentes aéreos
Está previsto também uma ação que questiona as regras sobre o acesso e o uso, em processos judiciais, de apurações sobre acidentes aéreos no Brasil.
O processo que foi apresentado em 2017 pela Procuradoria-Geral da República, aborda sobre o material obtido pelas investigações feitas por militares no âmbito do Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos.
Esse Sistema está sob a responsabilidade do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos. Quando ocorre um acidente com aeronaves, equipes do Cenipa vão ao local onde estão os destroços para verificar as causas.
Uma lei alterou o Código Brasileiro de Aeronáutica, passando a prever que as conclusões dos técnicos não seriam usadas como provas em processos judiciais. A norma também estabeleceu que as informações seriam fornecidas apenas a partir de determinação da Justiça.
Proteção ao meio ambiente
Os ministros também analisarão ainda nesta semana uma ação de 2021 da Procuradoria-Geral da República sobre a proteção ambiental no Pantanal.
A PGR questionou uma suposta omissão do Congresso Nacional em regulamentar um trecho da Constituição que fixa a necessidade de lei com regras para a proteção do bioma.
A Procuradoria solicitou que o Supremo estabeleça um prazo para os parlamentares fazerem a lei e que, até lá, seja aplicada uma norma de 2006 com regras de proteção da Mata Atlântica.